[Arco] Passado.
3 participantes
[Arco] Passado.
“Respire fundo, Darius.” a voz de Hogan era bem alta aos ouvidos de Darius, que segurava uma pistola entre as mãos, apontando para um alvo. “Sem tremer o braço, deve mantê-lo firme.” A voz seguia como norteadora de sua causa. Seguia de maneira antecipada, um guia na escuridão. Um jovem Darius de não mais do que dezesseis anos estava devidamente apoiado sobre o estande de tiro.
“Observe bem o que vai fazer, Darius. Sempre focado em observar o que está a sua frente, com a devida certeza, sem nenhuma hesitação. Atire.” Pedia o homem. E Darius atirou, a bala não acertou a cabeça, mas acertou o peito. “Começou bem por uma primeira vez, Darius. Só precisa se esforçar mais e irá conseguir.” Dizia o homem, com um certo sorriso em seu rosto, orgulhoso. Mas seus olhos eram frios.
— Voltamos amanhã. — Falou ele. — Guarde a arma. — Não, me deixa tentar de novo. — Inquiriu o Morrigan menor em um lastro de rebeldia. — Espere! Cuidado como porta essa arma por aí, guarde isso! Não deixe engatilhado. — Falava o homem, tentando evitar o pior. E ao erguer o projétil, o gatilho foi puxado e o fogo disparou, passou rente a Hogan e por pouco não lhe acertou no peito. Uma expressão de certa surpresa tomou a feição de Darius, que observou a mácula expressão de susto, pânico temporário de seu pai.
— Foi por pouco. — Falou, em um tom de alívio mas ainda meio saltado, Hogan, que tomou a pistola da mão do garoto. — Seu coração está pulsando? — Outra pergunta do jovem, o homem assentiu. — Me permita sentir. — Pediu, e sem esperar uma permissão, se aproximou do homem, tocando seu peito na região do coração. Os batimentos estavam irregulares, aquilo era como ter um coração de verdade. Mas ele não sentia isso. Não sentia isso.
- Spoiler:
- Arco — 300 palavras. Modo alternativo. [1/30]
Darius
Re: [Arco] Passado.
[...]
Aquilo era ser um ser humano de verdade. Se Darius pudesse escolher, ele escolheria nascer como uma pessoa normal. Mas nascera daquele jeito, o que mais poderia fazer senão aceitar que de fato era um monstro? Que seus impulsos sombrios cresciam a cada ano que se passavam. O seu “Passageiro Sombrio”. Encantado com a sensação de estar vivo ao tocar o coração do pai, o garoto subiu no alto da casa que morava, disposto a ter aquela sensação outra vez. Para muitas pessoas, estar em um lugar alto é como ter um passaporte para morte se escorregar. Mas para Darius era só… Um local alto.
Ele colocou a perna para frente, disposto a se jogar. Tudo para se sentir vivo. Era o que ele precisava. Se não fosse por Hogan, Darius certamente teria ido dessa para melhor ou teria seriamente lesionado. Não importava o futuro, não havia nada bom em ter algo dali. Esse experimento. Hogan segurou Darius pelo braço, o afastando dali. — O que pensa que está fazendo? — Questionou o homem, tentando entender o raciocínio de seu filho e porque ele estava se jogando do alto da casa.
— Não! Por que me impediu? — Questionou, expressando uma certa incredulidade, Darius. Acostumado a fingir, aquilo era quase como natural para si mesmo. — Calma. O que você pensa que está fazendo? — Inquiriu novamente, Hogan. — Eu só queria sentir. Sentir o coração batendo. — Acalentou o garoto. — Pensei, que se me jogasse do alto, podeira sentir o pânico que sentiu, me sentir vivo por poder estar experimentando a mesma sensação. — Dizia. Era claro, era claro que se sentia deslocado. Ele não era como as outras pessoas.
— Justo filho. Eu entendo. Mas não vai sentir essas coisas assim, se se jogar de uma casa. Não é assim que as coisas funcionam. Certo? Agora acalme-se, tire isso da sua cabeça e vamos descer. — Pediu o homem, passando as mãos pelos ombros de Darius.
- Spoiler:
- Arco — 300 palavras. Modo alternativo. [2/30]
Darius
Re: [Arco] Passado.
— Fica cada vez mais forte não é? A saciedade… — Falava o homem na garagem escura. A porta semi escancarada, iluminava o rosto de Darius enquanto seu pai parecia mal visto pelas sombras. — A vontade de querer matar… A cada dia que passa, você sente-se mais descontrolado, certo? Lembre-se do Código, lembre-se do que você tem que fazer… — Dizia o homem. — Eu sei, pai. Mas… Por que está dizendo isso? — Inquiria. — Por que raios está com um kit de facas? Cheios de sangue ainda por sinal? O que pensa que está fazendo? Sua irmã poderia ter visto isso. — Dizia Hogan, mais como uma bronca.
— Eu juro que matei só animais. Mais ninguém. Estou seguindo o código. — Ergueu as mãos em tom defensivo, o garoto. — Ahn. Eu fico feliz em saber, Darius. Mas você precisa ser mais meticuloso. Cuidado com as coisas que faz. Se lembra da primeira regra? Não seja pego. Não seja pego. — Darius não poderia argumentar com aquele cara. Havia se criado ali. O homem certamente era o detentor de tudo que sabia. — Eu entendi. — Confirmou, assentindo com a cabeça, mas acabou por engolir em seco. Darius não poderia saber o que estava sentido, aquilo era um mistério para ele tanto quanto ao estar confuso por uma certa passada de tempo.
— Bem. Vamos lá, que tal sair pra caçar? A gente pode dar uma aliviada nesse seu lado negro. Ao menos hoje, certo? — Questionou o homem. — Não costumamos caçar hoje. É Terça feira. — Argumentou o jovem. — Não, hoje é exceção. Sempre há exceções em alguns momentos de sua vida, cotidiano e afins, mas não para o Código. O código sempre será absoluto, lembre-se disso. — E o homem estendeu a mão para apertar o ombro do filho. O garoto mordeu o lábio, não sabia o que dizer. — Pegue a Flintlock 39. Vamos caçar um cervo.
- Spoiler:
- Arco — 300 palavras. Modo alternativo. [3/30]
Darius
Re: [Arco] Passado.
Um tiro foi disparado pelo mato. A bala percorreu os altos gramados de cereais. O som após o disparo era de que havia acertado algo. Talvez uma árvore. Talvez um animal. Hogan e Darius estavam ali no meio da floresta, longe de toda e qualquer civilização. Longe da cidade. A atividade de caça era regulamentada pelo governo local, então ao menos práticas esportivas eram comuns por aquela área. Não existia qualquer vício de ilegalidade naquele tipo de caça uma vez que as espécies eram devidamente estimuladas para a reprodução, sem deixar o monstro da extinção chegar ao relento.
— Você acertou algo, Darius. — Falou Hogan. — Naquela direção. Que tal ir checar a área? — Apontou com os dois dedos para o dito local onde a bala fez o seu percurso. — Sim, pai. — Falou o garoto, se levantando e saindo do meio das folhagens e se mostrando para o mundo. Seus passos foram ouvidos até cessar. O garoto pairou com sua sombra sobre a figura de um Cervo abatido. Ele estava fungando rapidamente, em sofrimento. Não havia morrido de imediato. — Veja, Darius. — Introspectivo, Hogan começaria mais uma das suas lições. — Observe bem, o cervo está em sofrimento. O que fazemos quando algo ou alguém está em sofrimento? — Questionou para o filho a fim de testá-lo.
— A gente faz o possível para que se vá o mais rápido, de madeira indolor, se for o caso. — Falou o garoto, com a resposta na ponta da língua. Que nerd. — Exatamente. — O homem se abaixou e abriu uma bolsa, retirando uma segunda arma com um cano longo. Era uma Macbicc 47. Uma espécie de arma feita para abater monstros maiores como ursos. — Agora, para acabar com o sofrimento. Utilize o disparo rápido direto na cabeça, para acabar com o sofrimento do animal. — Orientou com um pedido, Hogan.
- Spoiler:
- Arco — 300 palavras. Modo alternativo. [4/30]
Darius
Re: [Arco] Passado.
— Então, está satisfeito? — Questionou o policial, observando seu filho de lado. — Sim. — Ele sorriu. Darius sorriu apesar de tudo, era quase inconsciente, mas ele precisava fingir sempre. — Sim. Serviu bem para aplicar um pouco esse sufoco. — Ergueu a mão, fazendo um gesto de garra em seu pescoço. — Imagino. É sempre uma tortura não por isso para fora, não é? Põe isso mata animais. Entendo, nada mais do que justo. Mas você precisa sempre manter o controle, lembre-se disso. Nunca perca o controle. Não importa o que aconteça. — Falou o homem, erguendo a mão para gesticular.
— Claro. Pode deixar. — Falou afirmativamente, Darius. Era difícil. Os impulsos ficavam fortes a cada dia, e a cada dia, estava lutando consigo mesmo para que pudesse ser alguém correto. Se encaixar, ser um humano ao menos, nesse mundo que não era dele. Controlar o que era, o impulso sombrio dele, permitiria que o jovem Morrigan pudesse sobreviver em um mundo hostil. — O Código. Certo? — Era uma pergunta retórica, ele sabia que era. — Claro filho. — Assentiu o homem, e a dupla chegou ao estabelecimento residencial, guardando as armas não sem antes lavá-las efetivamente. — Certo, agora vamos estar como uma família normal, D. Certo? A Dizzy está lá em cima. — Pediu o homem, subindo as escadas.
Sem falar nada, o garoto concordou e subiu junto. Na sala, ele encontrou Dizzie devidamente focada em seu videogame. Ela observou o pai e o irmão, erguendo o controle. — Vocês demoraram, o que foram fazer? — Questionou a jovem. — Filha, a gente trouxe pizza e um Satan Refri. Que acha? — Hogan abriu a caixa e mostrou a pizza quentinha e uma lata de refri com um Mr. Satan estampado na lata. Darius não entendeu aquilo na época mas, Dizzie pareceu devidamente contente ao observar aquela reunião familiar. Sua mente de garota a fez pensar que havia conseguido a atenção devida de seu pai, mas não era verdade. Mas para aquela ocasião, parecia mais que perfeito.
- Spoiler:
- Arco — 300 palavras. Modo alternativo. [5/30]
Darius
![[Arco] Passado. UN8sZx6](https://i.imgur.com/UN8sZx6.png)
Página 1 de 1