Treino Semanal — Você atira bem

Você atira bem


Passado. Dez anos atrás. Shootkhan.

Um disparo foi efetuado no meio da floresta. O Som reverberou por algum tempo antes de parar. No meio de um campo aberto no meio da floresta, encontrava-se um garoto. Ele estava segurando uma pistola, apontando a mesma para um alvo de latinhas cujas quais havia derrubado todas. A fumaça escapava por entre os buracos efetuados pelos disparos, deixando um ar de pós tiroteio. Assoprando a ponta da pistola, os olhos esverdeados, com exceção de um, estavam enfaixados, assim como os de Dizzie. Espere, Dizzie? O que ela estava fazendo ali?

Ela parecia brava. O garoto voltou a praticar seus tiros após colocar mais balas e recarregar a arma. Enquanto disparava, Dizzie tratava de cuspir uma série de perguntas. Desde um “Você é um idiota?” Até um “Por que contou que eu havia pego a pistola do papai para praticar com ela?” Era um pouco difícil tentar se concentrar, mas o garoto efetivamente o fez, um, dois, três disparos, todos perfeitos, com exceção de um, que saiu pela culatra. Darius precisava fingir culpa, mas, efetivamente, chatear Dizzie não estava na sua lista de afazeres, mesmo que não soubesse como sentir, efetivamente, culpa. Não sabia como se portar direito.

— Dizzie, me desculpe. Eu achei que estava fazendo a coisa certa. — O garoto ergueu as mãos, rendido pelo fato de que não tinha para onde fugir. Pegou mais algumas balas e começou a encher o cartucho antes de voltar a atirar novamente. Percebeu que seu braço doía devido ao apontar constante do cano da arma para as latinhas. Começou a disparar novamente. Mas definitivamente após passar tanto tempo treinando, estava cansando gradativamente. Os tiros foram certos ao menos nos dois primeiros disparos, os outros três, todos foram errados. Acabaram por acertar as árvores.  

Soltando um suspiro, o garoto observou a expressão de sua irmã antes de dar-lhe um sorriso. Ela havia pedido desculpas por ter sido rude consigo, mas ele sabia como acalmá-la. Deixando sua arma de lado, ele buscou uma lata cheia de furos, e entregou para a mais nova, deixando ela surpresa. Com isso, ele voltou a praticar novamente, por mais que acabasse ofegante no final. — Sabe de uma coisa, Dizzie? — Falou enquanto disparava mais algumas balas, e claro, acertando todas em seu devido lugar.

— Você é melhor do que eu. Seus tiros são muito precisos. Se você quer seguir os passos do papai, você está no caminho certo. — Foi o que disse, a olhando de lado, conforme exibia um sorriso. Podia ser um monstro, mas ver sua irmã chateada? Era como assinar uma sentença de morte para quem que tenha a chateado, ou, no caso, a si mesmo, se obrigando a reparar o dano causado. Darius percebeu que seus dedos estavam dormentes após disparar tantas vezes. Então, atirou mais três vezes, fazendo um esforço máximo para que o dedo se movesse. Acertou todos, e deixou a arma no balcão. Ao fazê-lo, foi surpreendido pelo abraço de sua irmã. Talvez fosse só o que ela precisasse ouvir. Sem saber o que fazer, a abraçou, tocando sua cabeça. Era assim que demonstrava afeição, certo? Estava fingindo bem? Esperava que sim. Mas ver o sorriso da irmã, era algo bom, certo? Sabia que poderia ser algo bom, mas não sentia nada…

— Obrigada! Irmão!

"Sim, Dizzie. Você atira bem."

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