T. ROTINA — Olá, Darius Morrigan

Dom Jun 02, 2024 1:00 am

Hi, Darius Morrigan

Dias atuais.

Olá, Darius Morrigan.

A fumaça se dissipou e pude ver aqueles olhos, a escuridão através deles. O banho já havia acabado. Sem as tranças, parecia que o aspecto sombrio ficava mais evidente. Mas não sei como dizer isso. Esse Passageiro Sombrio, aqui dentro, no fundo da minha alma. Ergui os dedos e fiz um movimento de empurrar os fios para trás. O dia só estava começando, dei o meu melhor sorriso.

Comi um ovo com bacon. Uma laranjada. Vesti uma camisa e armei bem os sapatos. Era hora do meu dia como policial. O meu disfarce. Ter que fingir ser um cara normal, eu fazia isso para sobreviver. O código existia para me fazer ser aceito pela sociedade. Na verdade, se eles soubessem o que eu era… Não me chamariam de herói.

Fechei a porta e girei a chave. Era hora de seguir para o trabalho. Com a bolsa bem alocada no ombro, segui então até o Departamento de Capsule City. Oh, a minha vida de trabalho estava toda lá. Passando em frente a casa do vizinho Chance, como sempre, me deu um “Bom dia, Darius.” Acenando com a mão e sorrindo. Tratei de lhe devolver a gentileza, sorri de volta e acenei, mas, não era verdadeiro. Eu não queria fazer aquilo.

[...]

Elevador. No meu andar havia chegado. Ao adentrar o local, poderia verificar as figuras. Policiais, Detetives, Legistas. Todo mundo tava no seu cafofo. Ah, os Tenentes e Sargentos eram os cargos mais altos por ali. O Capitão comandava a todos seguindo ordens de um superior. E eu? Bem, além de guarda, era o cara das rosquinhas. Sempre o cara das rosquinhas. Ao dar de cara com Vihage Massoud, o chinês, ele parecia fazer umas das suas piadas de duplo sentido. — Belos buracos. Essas rosquinhas tem uma perfeição curvilínea, nossa, me lembram muito, bundas. — Falou com um sorriso, como se fosse um comediante. Abri a caixa de rosquinhas e deixei que escolhesse.

— Bom te ver também, Vihage. — Expressei-lhe um sorriso.

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Dom Jun 02, 2024 1:28 am

Hi, Darius Morrigan

Dias atuais.

Um policial desconhecido passou, mas pediu educadamente por uma rosquinha. Dei-lhe a guloseima, quem não adorava rosquinhas, certo? Ao passar pelas mesas, pude ver a sala onde minha irmã estava. Claro, sentada em uma das cadeiras enquanto que em um slide futurista, Marsha Lodios falava algo. Em câmera lenta, ela parecia pairar os olhos castanhos sobre mim por um segundo antes de desviá-los para os transeuntes da sala. Foi aí que pude sentir a mão em meu ombro. No maldito seguinte segundo em que me direcionava entre as mesas. Era ele. Sempre ele, Damon Álvares. “Bom dia, Darius. Que tens para hoje?”

Sua correntinha prateada estava sempre com ele. No seu pulso. — Bom dia, Álvares. Dê uma olhada. — Falei abrindo a caixa novamente.

[...]

Passado o expediente inicial, era hora de ir para as ruas. Eu precisava de uma promoção urgente, queria passar a trabalhar dentro do Departamento, mas as coisas não eram tão simples. Resolver algum caso poderia garantir algum mérito, mas as formas que eu fazia as coisas, bem, não me dariam nenhum crédito. Só desaprovação, injeções letais, alguma sentença de morte. Bati a carteira de ponto, pling. Meu registro de entrada estava feito. Ao me retirar, topei com Marsha LoDios outra vez, aquele olhar.

— Faça um bom trabalho hoje. Policial Morrigan. — Pediu ela, dando um sorriso presunçoso. Abri-lhe um sorriso. — O de sempre, LoDios. — Assenti com o queixo, deixando o local.

Durante minhas patrulhas eu costumava pesquisar certos criminosos quando estava livre para andar com o carro. Em patrulhas estacionadas, aproveitava para pesquisar outras coisas em perseguições mais avançadas de meus alvos. E nesse momento, após algumas horas, eu estava perseguindo um ex-detento criminoso que havia sido liberado há cerca de um mês. Angel Buckynes. Preso anteriormente por Homicídio, mas, liberado por falta de provas, foi dado a ele um mês de prisão. Pagou fiança e estava ali. Andando na rua como quem é limpo. Angel não era nem um pouco limpo.

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Dom Jun 02, 2024 1:51 am

Hi, Darius Morrigan

Dias atuais.

Observando com o carro ao longe eu poderia vê-lo. Comendo nachos. Observava a cidade em meio a tantas outras pessoas. Tatuagem no braço esquerdo. Brinco na orelha direita. De fato, era Angel. De manhã, costumava caminhar, durante o dia, tirava o dia para tomar café e parecia ter arranjado um emprego em uma agência. Mas isso não aplacava seu crime. Ele havia matado a mulher a tiros por ciúmes, um motivo torpe. No depoimento com a chegada da polícia, havia dito que ela caiu da escada. Mas ele havia tido meticuloso em cortar certas partes de seu corpo, para dizer que havia sido um acidente. Claro, eu pude verificar os padrões de sangue e atestei que ele havia a matado.

As marcas da escada haviam sido feitas por um metal. Invadindo a casa de Angel, eu pude verificar que ele havia usado um martelo 680 para causar simulações de uma quebra, um choque de corpo. Ele havia falhado miseravelmente. O martelo estava em sua garagem, usei para testar a quebradiça em uma madeira, o resultado foi o mesmo. Além disso, encontrei a faca, a arma do crime, estava manchada de sangue seco, debaixo de uma piscina não usada. A perícia não foi capaz de encontrar. Ao verificar o sangue, era da ex-esposa. Angel era definitivamente c…

Droga. Hora do almoço. Hora de ver Ranny Burgess. Minha namorada. Quinze minutos depois estava em frente de sua casa, batendo em sua porta. Se eu tivesse que dizer algo, diria que Ranny era tão perturbada quanto eu. Com uns parafusos a menos, talvez fosse por isso que eu tivesse “gostado” dela. Meu disfarce. Minha garota. Eu, ela, dois perturbados. Eu e ela. E lá estava ela, com aquele sorriso, o brilho no olhar, os fios loiros. Sorri-lhe, o meu melhor sorriso. Beijei-lhe, toquei o rosto, deslizando os dedos por sua curva, como sempre eu fazia. Todas as vezes que via.

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Dom Jun 02, 2024 2:14 am

Hi, Darius Morrigan

Dias atuais.

— Hey Carl! Olha o avião! — Gritei animadamente, segurando o jovem garoto pelas costelas e o levantando com cuidado. O fiz deslizar pelo ar como se fosse um avião humano. Como ele ria e se divertia com isso. O pus no chão. — Voou bem alto, Carl. Espero que não esteja tonto. — Comentei, me abaixando um pouco para tocar os joelhos. O garoto riu e negou com a cabeça, saindo de perto. Asthia aproveitou a deixa do irmão mais novo para que pudesse me mostrar o que tinha feito. Uma fada com asas. Bem princesa. Exceto pelo fato de que possuía asas de um demônio e um vestido preto.

— Bom desenho. Você tem melhorado, Asthia. Eu falo de coração. — Toquei-lhe a cabeça enquanto devolvia-lhe o desenho. Ela também tratou de se retirar, deixando eu e Ranny sozinhos. — Muito trabalho, meu anjo? — Questionou Ranny na cozinha, estava fazendo alguma coisa. Algo que eu esperava, ao menos pelo cheiro. Lasanha. Ela sabia que eu gostava. E voilá, não demorou muito para que estivesse à mesa. E todos nós comemos como uma grande família. Mas não sei dizer se realmente eram uma. Eu e três irmãos? Hm. Algo para o futuro quem sabe. Após a belíssima refeição, era hora de voltar ao trabalho.

Beijei Ranny e sai. Acenei-lhe do carro com um bom sorriso e me pus a dirigir. Ainda patrulharia por um bom tempo antes de terminar o expediente. Era só questão de voltar ao Departamento para que eu pudesse bater o ponto e entregar o que deveria ser todos os dias: Relatórios. Bom, não a verdade, parcial. Fiz mais do que apenas patrulhas. Estudei mais um pouco, Angel Buckynes. Meu atual alvo. Li outros casos, por que não? Essas coisas não se deve falar. Certas portas devem estar sempre fechadas, certo? Há limites.

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Dom Jun 02, 2024 2:34 am

Hi, Darius Morrigan

Dias atuais.

Depois de preparar todo o local em uma casa abandonada, eu o prendi bem. Deitado em uma mesa estava ele, com bastante plástico ao redor do corpo. Algo ao redor de sua testa. Apenas uma coronhada e o sujeito havia ido dormir. Eu deveria utilizar tranquilizantes, mas eu preciso subir no cargo do departamento para poder ter acesso a mais coisas da polícia. Bem, era questão de tempo até conseguir. Só precisava dar os meus pulos.

Tudo na polícia poderia ser dado aos pulos, e no pior dos casos, aos tiros. Despejei aspirina na boca do sujeito e ele acordou com um susto súbito. Exibi um sorriso. — Então acordou, cara? Hoje você está com sorte. — Falei, fingindo ao menos um sorriso alegre. Angel estava assustado. Aproveitei e com a faca, cortei-lhe a bochecha, derramando o sangue no vidro que usei para tampá-lo. E estava feito, era o meu troféu, de todos os assassinos, desgraçados sobressalentes que havia pego em vida. Era minha forma de contribuir para a sociedade, de uma forma como Policial, de outra forma como um Assassino, deixando meu Passageiro Sombrio sair para fora. Minha expressão era fria e parecia demonstrar um vazio, embrenhado n escuridão.

— Você matou sua esposa. Por quê? Por que a matou? Viviam tão bem. — Inquiri ao maldito, lhe dando um tapa no rosto. Aos prantos, como alguém que estava atordoado, me disse o seguinte: “Eu estava sufocado. Precisava de espaço. Ela não me dava espaço e começou a ter um caso, então a matei. Juro, quando estive na cadeia, nunca fui tão livre.” Aquilo me fez arregalar os olhos, como um humano normal faria. — Oras, então você é como eu é? Não sente nada, é? — Com um sorriso maléfico, aproximei o rosto do de Angel. Coloquei-lhe algodão nos lábios e tampei o rosto com proteção. Com o meu melhor sorriso, peguei uma faca curva. — Agora chega de sufocos na Terra. O único sufoco que vai passar, é no limbo, pra onde você vai. — E furei-lhe o peito em um ato ágil e violento.

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