T. Semanal — Autotutela

Dom Jun 02, 2024 11:58 am

Autotutela

Passado. 14 anos atrás.

Hoje é dia de combate corporal. A fumaça imperava no campo aberto onde duas pessoas estavam entre cantos opostos. Na verdade,havia uma terceira pessoa, uma pessoa mais jovem que observava tudo. — Como guia para sua sobrevivência, acho interessante que você consiga ao menos se defender sozinho, certo? Não precisa se tornar dependente das armas e está meio cedo para que consiga ir mais profundamente. — Dizia Hogan. Darius ergueu uma das sobrancelhas, o que ele estava dizendo? — Então tá bom. — Falou, exibindo um sorriso fingido. — Venha. — Pediu o Sogekijin e o treinamento começou.

Com sua velocidade, Darius avançava em um único salto em direção ao homem, encaixando uma série de golpes entre chutes e socos. Homem desviava de todos como se não fosse nada. No fim, ergueu o cotovelo, causando um impacto e bloqueando o soco do garoto, aquilo o deixou atordoado por breves segundos. No fim, um belo pisão acertou seu peito, o jogando para trás. Um grito foi efetuado à medida que batia as costas e deslizava pelo chão. Fechando os olhos brevemente pela dor. — Cheio de aberturas, não é assim que vai conseguir vigorar em um combate corporal, Darius. — Falou o homem, o levantando. — Pense. Tudo que você precisa fazer é pensar. Eu te ensinei a planejar todos os passos possíveis, tudo para que você limpe sua barra. Agora vamos, de novo. — Pediu o homem, voltando para seu ponto de origem.

— Ok. — Estava com raiva, era a única coisa que poderia sentir. Que seu cérebro permitia sentir. Era visível o olhar de frieza que o garoto fazia. E por isso, avançou novamente, não sem antes tomar alguns segundos para que pudesse avançar. O que faria? Como pegaria o seu mentor e pai? Ele começou com um soco, prevendo o movimento do homem, ajustou o punho e mudou a trajetória, subindo o alcance da mão. Aquilo fez com que por breves segundos, Hogan arregalasse os olhos. Movendo o braço, ele defendeu parcialmente o golpe. Darius aproveitou para apoiar o dedo em suas bordas e tomar impulso com o corpo, girando no ar e movendo a perna, descendo o calcanhar na direção da cabeça de Hogan, que ergueu os dois braços e bloqueou de forma efetiva.

Com um sorriso, Darius via uma terceira oportunidade de fechar com um terceiro golpe. No ponto fraco de seu pai, logo no ponto cego. Poderia ser um pouco sujo, mas numa luta, tem que aprender a roubar, certo? Aquilo tudo foi pro saco. Hogan moveu o braço e segurou seu filho pela jaqueta, em seguida, girou no ar, lançando o mesmo para longe. Com um grito, o garoto se estatelou no chão após girar algumas vezes. — Foi quase — Elogiou o pai com um sorriso. — Melhorou um pouquinho. — Agora se virou para Dizzie, acenando para ela. — Agora sua vez, Dizzie! Anda! Vamos logo! — Pedia ele. Dizzie estava animada para começar. Darius se levantou, ele estava ofegante, mas havia percebido algo. Cansar e se mover com o próprio corpo, cansa. Se precisa usar os dois ao mesmo tempo, o cansaço vem em dobro.

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Spoiler:

Dom Jun 02, 2024 12:48 pm

Autotutela

Passado. 14 anos atrás.

O treinamento físico continuava dia após dia. Não era fácil, mas era melhor do que estar despreparado para a vida. Hogan naquele dia pediu para que Darius pudesse ser agarrado por ele. Ao ser imobilizado, o policial começou a dar suas fuscas de treinamento. — Entendo que treinamento físico é importante, mas também há coisas importantes que se deve aprender. E você, mais do que qualquer um, espero que tenha combates curtos sempre que possível. Você lembra da primeira regra do código, não seja pego. — Falou a primeira regra com o tom de seriedade de sempre. O garoto assentiu. — Há alguns pontos que em seres vivos humanóides como nós, causam apagão, atordoamento e falsa percepção da realidade. — Homem instruía.

— Aqui. — Apontou para o queixo. — Aqui. — Apontou para a lateral da sobrancelha. — E aqui. — Apontou para a nuca. — Em caso de emergência, acerte aqui. — Apontou para o pescoço. — E aqui. — Apontou para a costela. — Mas lembre-se, no pescoço, há uma chance de 90% da vítima ser morta. Portanto, muito cuidado com a intensidade que aplicará o golpe. — Instruiu. — São modos de terminar uma batalha rapidamente. Agora me diga… Como sai de um agarrão? — Questionou, começando a apertar o pescoço de Darius, o imobilizando. Cerrando os dentes, o garoto precisava pensar. Caso ele estivesse imobilizado, o que faria?

Puxar com as mãos não estava adiantando. Empurrar a cabeça para trás também não estava funcionando. Nem para ambos lados. O que poderia fazer? Mordeu o próprio lado, sendo forçado a pensar de maneira rápida ao ser pressionado. Usou os dedos para cravar e apertar os músculos do braço de Hogan ao mesmo tempo que começava a pressionar o rosto para baixo. Era a única opção que Darius conseguia pensar naquele momento. Com isso, acabou se soltando. Ao ir para frente, tropeçou e rolou no chão por alguns segundos, sentindo dormência na região pressionada. Até tossiu um pouco. Hogan estava massageando o próprio braço machucado. — Perfeito. Você foi bem. Após esgotar todas as suas alternativas, você buscou o último caminho cujo qual não havia percorrido ainda. — Assentiu o homem, sério. Foi até o garoto e tocou-lhe o ombro.

— Está melhorando. Tudo isso que eu faço é para que precise sobreviver, você não é como os outros nesse mundo. — Lembrou ao filho mais uma vez. Ele assentiu. No fim, o garoto ficou sozinho. O treinamento havia acabado. Decidiu então treinar um pouco, pegou a pistola e armou um campo de tiro ao alvo. Não demorou mais do que alguns minutos. No máximo dez. Era hora de praticar outra vez. Darius começou a treinar sua precisão, dessa vez, alternando entre várias posições, deitado, agachado, com um joelho, em pé, rolando e disparando em seguida. Ele percebia que ficava cada vez mais cansado a cada movimento que fazia. O sol estava quente, que contribuía para ficar mais suado.

Após algumas horas, ele largou a pistola em cima do barracão e se permitiu sentar sobre a grama outra vez. Ofegante, passou a massagear os próprios dedos. Estavam dormentes, principalmente o do gatilho.

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